" MISTÉRIO "
Possui no jeito seu todo um mistério
que desafia os homens e os encanta;
um misto de recato, mulher santa,
e um brilho de safada um tanto etéreo!...
Cercada pois, de olhares, se suplanta
e faz dessa cobiça o seu saltério
deixando-se passar por refrigério
a quem desejos prende na garganta.
Esquiva-se da gana, solta o riso
e sabe conduzir ao paraíso
os pensamentos de quem segue o enredo...
No entanto, à luz da lua, em minha cama
é por meu corpo e alma que ela clama
e só pra mim que conta o seu segredo!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" PERDI-ME "
Deixei de lado o medo, a fé me dada,
as regras todas de comportamento
e fui de quem tu eras me envolvendo
refém de uma paixão desenfreada!...
Me eras todo o instante o pensamento,
o próprio ar, a brisa perfumada,
a fonte de desejo, a paz sonhada,
por vezes minha dor e o meu lamento.
Me embriaguei de ti, dos teus gemidos,
de todos teus orgasmos concedidos
e dei-te por resposta amor sem fim...
Aos poucos fiz-me teu, e teu somente,
por tanto que perdi-me totalmente
e me esqueci de tudo... Até de mim!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" ESTRANHOS "
Não mais sequer restou-nos amizade;
perdeu-se, pois, nalgum lugar da estrada
e, aquela que me foi por mais amada,
tornou-se um sonho aquém da realidade!
A vida após, do ensejo, a retirada
não digo que nos deu inimizade
mas se mostrou distante, em equidade,
provando ser o fim da paz sonhada.
Ficamos como estranhos, desprovidos
dos sentimentos todos já sentidos...
Estranhamente estranhos... Mais, nenhum,
quer fosse raiva, mágoa ou só rancor...
Estranhos cuja história de um amor
mantém-se nas lembranças em comum!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" SATISFEITA "
Do teu sorriso, tantas vezes contemplado,
me embriaguei na sede afoita da paixão
e quantas delas trouxe paz ao coração
o admirar-te bela, nua, extasiado!...
Havia sempre o encanto forte da emoção
gastar o tempo ali contigo lado a lado
se como o riso nos houvesse resgatado
abençoando eternamente essa união.
Tu feita fostes desta chama de alegria
e quando vinhas para o amor ao fim do dia
eu bem sabia que eras tu a minha eleita...
Te saciavas do meu corpo em viva chama
e de prazer, já sem vigor por sobre a cama,
adormecias, riso ao rosto, satisfeita!...
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" CRIMINOSO "
Cheguei discretamente ao fim de um dia
e te furtei do olhar toda a atenção
sem que notasses qual minha intenção
que sob os olhos meus eu te escondia.
Depois roubei-te o riso e o coração
no afago ao rosto teu que enrubescia
e após, da boca que se oferecia,
levei-te o beijo em chamas de paixão.
Te aliviei das roupas sem piedade
e, quando vistes, foi-se a castidade
em que, num latrocínio, eu te roubei...
Morreu ali toda a pureza tua
que ressurgiu Mulher... Mais bela... Nua...
Aquela que, pra todo o sempre, amei!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" GUARDADA "
E teve o céu, de amor, por recaída
luzir um sol intenso e sem piedade
trazendo a todo o mundo a claridade
da fé sobre a esperança pretendida!
Pra tanto deu, às aves, liberdade;
aos mares todo o pranto em despedida...
Pra sonhos de criança deu-lhes vida
e às velhas crenças, sim, a idoneidade.
Soprou toda a poesia aos delirantes,
pôs ventres ansiosos nos amantes...
Deu vício às prostitutas pela rua...
A mim, pra que a paixão não perecesse,
e antes que de amor enlouquecesse
guardar-te fez-me n'alma, linda, nua!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" CHOROU "
Pensava em ti sem perceber o instante,
apenas por tocado na emoção
que fez-se ali presente ao coração
levando o olhar para um lugar distante!...
Lembrei-te envolta em vívida paixão
por entre o afago doce e excitante;
senhora minha, nua, exuberante,
a despertar-me o amor por sensação.
Bailávamos querer, ventre colados,
desejos entre os beijos evocados
conforme a fome em chama nos ardia...
Sem perceber o instante, em ti pensando,
sobre o papel palavras colocando,
minh'alma sem querer chorou poesia!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" VENENO "
Meu nome perguntou, entusiasmada,
e respondi: "Veneno"! Honestamente...
Sorriu-me olhando os olhos frente a frente
se como achando fosse uma piada!...
Perigo à vista o sábio, pois, pressente
mas ela quis provar-me e só, mais nada,
já plena da vontade à pele dada
e presa de um desejo efervescente.
Beijei-lhe os lábios docemente, os seios,
o ventre, as coxas e seus entremeios,
lhe pus o fel nesse embalar sereno...
Matei lhe de prazer... Roubei-lhe a essência
e lhe provei, alheio à sua inocência,
que doce pode ser até o veneno!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" ESPERA "
Mentiu-me, o amor! Chegando inesperado
fez mil promessas de um final feliz,
de conceder-me do que eu sempre quis
tornando, o sonho, por concretizado!...
De lhe abraçar, votos eternos fiz
pois quem não quer amar e ser amado?
Porém um pouco, dele em mim, provado
o encanto dado só se contradiz.
Amar nos leva à cruz, ao sofrimento,
à eterna escravidão do sentimento...
O nó lhe desfazer, ó quem me dera,
mas ele tudo sofre e sobrevive
pois crê até na fé que eu nunca tive
de que, quem já partiu, ainda me espera!
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019
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" FOLHAS DE OUTONO "
Se foi a primavera, o teu verão
dos dias áureos lá da mocidade
e sentes todo o peso da tua idade
chegando intenso feito um turbilhão!...
Não vês, de algum futuro, a claridade
e te entristeces como se mais não
houvesse outro sabor, outra ilusão
que desse à vida luz, essa é a verdade...
Mas, creia-me, há beleza e resplendor
nos dias deste outono em rico amor,
jamais a se perder seguindo a esmo...
As folhas brincam, bailam, se desprendem
e soltas pelo ar louvores rendem...
Tu deves, como tais, fazer o mesmo!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019