" NADA "

Saí sem nada mais além da culpa

que foi-me atribuída na partida

e assim, sequer o adeus na despedida

levei, ao ir embora. Então, desculpa!

          O verbo que atiraste ao fim me inculpa

          dos erros feitos, sem querer, na lida

          mas nego ser essa alma aqui perdida

          por mais que a tua mente assim a esculpa.

De mim não sobrou muito... Nem lembrança...

Quer bens ou mesmo os sonhos de criança...

Perdidos se fizeram nessa estrada...

          Agora é começar tudo de novo

          tal como, após o incêndio, um grão renovo...

          Fazer-me novamente assim, do nada!


#©Paulo Braga Silveira Junior - Novembro/2019

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" ERRO "

O dia em que eu a vi da vez primeira

bateu-me acelerado o coração!...

Já era amor, carinho enfim, paixão

de uma maneira, em mim, não costumeira.

          Tocou-me n'alma e deu-me a sensação

          de que seria, aquela, a derradeira;

          a companheira a ser pra vida inteira,

          tamanha fez-se ali essa emoção.

Amei-lhe o olhar sereno, o riso ao rosto,

o busto num decote ousado exposto,

as curvas do seu corpo em juventude...

          Amar-lhe se tornou meu mal e vício;

          meu carma, meu prazer, o meu suplício

          e o erro foi lhe amar mais do que pude!


Paulo Braga Silveira Junior - Novembro/2019

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" NUA "

Me encanta a luz da lua à madrugada

tingindo a negridão do firmamento;

me ponho a contemplar-lhe a tez, atento

a cada fase sua me ofertada!...

          Me traz, lhe admirar, contentamento

          ao vê-la por estrelas adornada

          e mesmo quando veste o céu, mais nada,

          poesia traz-me n'alma à voz do vento.

Lhe sonho o pensamento, me embriago

em tal beleza rara e a cada trago

meu coração, ao seu chamar, flutua...

          Tão bela quanto a ela neste mundo

          só mesmo quando vens no amor fecundo

          trazer-te a mim, de corpo e alma, nua!...


Paulo Braga Silveira Junior - Novembro/2019

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" TOTAL "

Visível foi, na face, o teu rubor

assim que o meu olhar de homem safado

tocou no teu, cativo e enamorado,

roubando-te a pureza e o teu amor.

          Ali eu te despi, por consumado

          o pensamento em mim tão sem pudor

          e o corpo teu, tomado de calor,

          se estremeceu por tanto desejado.

Nos olhos meus tu viste a sede, a fome,

e este desejo intenso te consome

querendo a entrega insana da paixão...

          Eu, nua, te deixei só de te olhar

          porém , assim que o amor se consumar,

          tu me darás, também, teu coração!


Paulo Braga Silveira Junior - Novembro/2019

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