" RAZÕES "
Desperto, abro os meus olhos e eis que a vida
me continua a ser a estrada a frente;
embora um pouco triste e intransigente
bem sei que a mesma é bênção concedida!
Lutar é o que me pede! Independente
do que virá na luta aqui, renhida,
hei de galgar a meta pretendida
e desfrutar-lhe o mel intermitente!
Chamado eu fui a ser por testemunha
e disto veio o nome por alcunha
de que me fiz na estrada por cristão...
Guerreiros somos neste chão dorido
amando a Deus por mais que aqui ferido
e, neste mesmo amor, a todo irmão!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" REFLEXOS "
Pois vê... Se põe o sol ao fim da tarde
assim, como se adormecendo lento;
apenas lhe acompanha o som do vento
que o vê partindo sem fazer alarde!...
Vai cauteloso às custa do momento
sem crer que o amanhã, feliz, o aguarde...
A chaga do viver ainda lhe arde
que a vida é cruz pesada e sofrimento.
A noite vem trazendo a madrugada
e esqueço que essa luz na lua alçada
é brilho que ela furta ao sol dormente...
Distante estou do amor... Partiu embora,
no entanto o vejo em mim brilhando agora
lembranças de quem és sempre presente!
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" FALTA VOCÊ "
Faltou você pra estar comigo a hora
do por do sol crepusculando o dia
enquanto a tarde ali se despedia
pra logo após o adeus partir embora!
Pra me sorrir tão plena de alegria
jogando, entre nós dois, conversa fora
lembrando histórias tantas lá de outrora
por onde a juventude florescia...
Aqui falta você no meu abraço,
me falta o seu carinho e o seu enlaço;
o corpo acolhedor e o ombro amigo...
Faz falta o amor tão puro e verdadeiro
que um dia, se achegando por inteiro,
você fez fé de dividir comigo!
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" CONSTATADO "
A perscrutar meus erros que ora lanço
e levantar acertos, sem vanglória,
percebo, em minha vida, a trajetória
que trouxe-me a este baile que hoje danço!
Por fim, constato eu que nessa história
já feitas as contas todas do balanço
um saldo positivo ainda alcanço
dos fatos que mantenho na memória.
Vivi como sabia ou como pude;
errei, mas quem na vida não se ilude?
Troquei prazer, afetos, fui parceiro
e, ao dividir meus sonhos com os dela,
o que essa recontagem me revela
é que eu a amei com tudo e por inteiro!
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" POR DITO "
Às vezes num olhar te digo tudo,
por outras é no abraço que te falo
mas creia que, no tempo em que me calo,
há muito amor por mais que eu fique mudo!
É no silêncio que o querer embalo
e na calada quando eu me desnudo
que me expresso mais, porém, contudo
sem voz pra te dizer que és meu regalo.
Caricias contam bem melhor meu conto
e, se me aquieto, no prazer desconto
aquilo que poupei-te de sofrer...
Escute o meu olhar... Ouça os abraços
pois que estes dizem mais que os meus fracassos
de te expressar, na fala, o meu querer!
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" DESCOLORIDO "
Consigo ver que achastes teu caminho
por certo de teus dons iluminado
e que manténs-me, assim, distanciado
por que já não me tens qualquer carinho!...
Meu ego diz que estou muito enganado
e que me tens em ti nalgum cantinho
só me deixando assim, aqui sozinho,
pra não sofreres tanto ter me amado.
Me faz acreditar que ao fim existe
no campo os girassóis; que em ti persiste
joaninhas no quintal, jardins de flores...
Sou eu, dentro de mim, gritando a ausência;
tentando disfarçar toda a evidência
que o mundo, sem quem és, perdeu as cores...
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" VIDA "
Me gela a alma o visitar da morte
a semear silêncio, medo e dor...
Traz luto ao peito, ao coração, temor
dizendo a mim: Não há o que te conforte!..
Eu tenho em fé um Deus Consolador
que não me deixa entregue à própria sorte;
um ser que me conduz de sul a norte
com braço forte, justo e amparador.
É vivo esse meu Rei e faz-me ver
que nEle, pois, não há do que temer
já visto que essa morte foi vencida...
Agora em mim, por toda a eternidade,
transborda-me o amor de Sua bondade
enchendo esse meu ser de eterna Vida!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" DO NADA "
Do nada despontou, feito a magia
de um broto a florescer no asfalto quente...
Assim surgiu-me o amor, por displicente,
na tarde a enrubescer o fim do dia!
Chegou no arroubo forte, efervescente,
num despertar da carne que o pedia
e a ele dei lugar e a primazia
sobre a paixão feroz em mim crescente.
Por fim, tão sem razão e inesperado,
sem mais saber do certo ou que de errado
do amor me armei na estrada afortunada...
Também, como me veio numa tarde
partiu sem despedida e sem alarde...
Se foi, sem mais nem menos, sim... Do nada!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" JARDINEIRA "
Penoso era o cuidar do teu jardim;
fazia porque para ti o era
quer fosse um sol de inverno, primavera
ou, creia, um céu cinzento dentro em mim!...
Cuidava e, então, ficava à tua espera
por entre uma ansiedade sem ter fim
pra ver se dos teus olhos e alma, enfim,
nascesse gratidão real, sincera.
Só me importava o te agradar, mais nada,
e ver-te contemplar maravilhada
as flores que cuidavas com ternura...
Ainda, o teu jardim, cuido em minh'alma
que um dia hás de me vir, tranquila e calma,
pra semear-me flores de ventura!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" BOM SERIA "
Tão bom seria se dos céus sereno
a paz se mantivesse aqui na terra
e toda a glória que o universo encerra
fizesse grande o homem tão pequeno!...
Se o mar, que beija terno os pés da serra
a se agitar as vezes, ou sereno,
pusesse fim aos males num aceno
de que esperança, a dor cruel, desterra!
Seria bom se a brisa em seu enlace
beijar a todos, pois, nos ensinasse
em tal pureza e graça a se espalhar...
Ah! Com certeza o mundo exultaria
se visse como eu vejo essa magia
do Eterno a reluzir em teu olhar!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019