" ROUBADO "

Cigana, leste a sorte em minha mão

se como lá coubesse o meu destino;

sou homem de emoção, sangue latino,

deixei-te me roubar o coração...

          Não foi-me a inocência de um menino

          nem mesmo as armadilhas da ilusão...

          Eu te entreguei minh'alma com paixão

          num breve instante meu de desatino!

Nas linhas viste o amor da minha vida

e ali te fiz, da história, a pretendida

por ofuscado à luz do teu olhar...

          Roubaste-me o viver, a paz do peito,

          deixando-me a chorar o mal já feito

          nos tragos que hoje tomo em qualquer bar!...


©Paulo Braga Silveira Junior - Outubro/2019

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" DELÍRIO "

Não foi somente amor... Também foi vida,

foi graça, foi ternura e alegria,

foi luz como a do sol rompendo o dia

no verso da poesia em nós contida!...

          Canção que se fez nova, paz, magia,

          a nossa dança a dois - a preferida -,

          foi bálsamo trazendo a alma remida,

          foi riso que reluz e contagia...

Foi chama de prazer, foi sedução,

todo o erotismo à pele, foi paixão

que após levar-me ao céu fez-se martírio...

          Foi, sim, bem mais que amor... Foi realidade,

          foi parceria em nós, cumplicidade

          que em nossos corpos nus se fez delírio!...


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" CAFÉ "

Café pra dois em pires de carinho

e xícaras da mais terna saudade;

que seja bom e tenha qualidade,

gostoso, forte, tenro e bem quentinho!...

          Servido seja a nós com prioridade

          a repartir paixão no nosso ninho

          pois não se toma dele, alguém, sozinho...

          Pra tê-lo tem de haver cumplicidade!

Que nos perfume, a essência, de lembranças

dos risos, dos prazeres, das andanças

a nos satisfazer a alma perdida

          e que, ao dele tomarmos, o destino

          se lembre que já fui o teu menino

          e que és amor em mim pra toda a vida.


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" INTRANSIGENTE "

Consigo que me abra o pensamento

e que me conte o que te vai na mente;

assim confiante, honesta e francamente

me expões ideias, gosto, a teu contento!...

          Também me dás sem medo o sentimento

          que o instante, entre nós dois, te traz presente;

          quer seja raiva, amor, paixão fremente

          ou sonhos que te sejam por intento.

Assim n'alma te despes toda pura

e meu querer, na noite, te conjura

pra ter dessa beleza toda tua...

          Só não consigo mesmo nesse flerte,

          por mais que tente ou queira, é convencer-te

          a me deixar te ter, na cama, nua!


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" REQUERIDA "

Passou assim, tal como a tempestade,

embora algum rescaldo ainda me resta...

Sobrou do seu perfume, como atesta

o aroma que me pega na saudade!...

          Do que foi alegria, encanto e festa,

          se fez agora um recordar da idade;

          lembrança que perdeu sua mocidade

          ou sombra, apenas, que me sobra desta.

Do escombro, dentro em mim, me sobrevive

a imagem da mulher que, um dia, eu tive

por companheira e amiga desta vida...

          A dor do vendaval se foi embora!...

          O sol traz-me o amor que eu tive outrora

          pois que a paixão me ainda é requerida!


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" JUNTOS "

Se sofres tu, como eu, a mesma dor

chorando sobre o leito em madrugada

a ausência que nos pôs o pé na estrada

e que deixou tristeza em nosso amor...

          Em sendo longa a noite enluarada

          perdida num silêncio aterrador

          e trazes junto ao peito sofredor

          lembranças de que um dia foste amada,

então dormimos nós no inferno em chama

sem dividirmos mais a mesma cama...

Nos condenamos sem quaisquer razões!

          De ti distante estou; estás de mim...

          Só juntos, mesmo, é nessa dor sem fim

          que insana e atroz nos fere os corações.


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" FICOU "

Senti no rosto um beijo posto pelo vento

feito a ilusão de uma emoção vinda em cantiga...

Fez-se carinho, um instantinho, à moda antiga

como um abraço em meu cansaço a fim de alento!

          Veio de ti, de Parati. Que alguém me diga

          como é que voa assim, à toa, o pensamento

          sem que ele pare, ou se separe, um só momento

          a me alcançar e o voo alçar após, sem briga.

Hoje a saudade, por maldade, veio ao peito

e me rendeu, depois se deu sobre o meu leito

se como agora, como outrora, fosse a dona...

          Fico a pensar no meu penar, pois que a paixão

          vinda com fé num contrapé do coração

          ficou de vez... Que insensatez! Não me abandona.


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" ARREPENDIDO "

Ao desprezar as setas do destino

entrei pelo futuro em contramão

e atropelei, sem ter qualquer noção,

os sonhos vindo a mim desde menino!...

          Feri toda a inocência, a ilusão,

          com garras de um orgulho genuíno

          e, o puro em mim, matei num desatino

          por pura gana e insana pretensão.

Me fiz homem maturo, sedutor,

se como houvesse nisso algum valor

e me tornei vazio e inconsequente...

          Minh'alma, junto às pedras do caminho,

          olhando o meu presente em desalinho

          criança quer voltar a ser, somente!...


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" ME ESPERA "

Não desanimes não... No bem, pondera

que tudo há de passar como foi dito

e, deste mundo conturbado, o agito

não vai prevalecer no fim. Me espera!

          Tu tens no instante o peito amargo, aflito,

          no mal que n'alma este sofrer te gera;

          escureceu, do amor, o sol de primavera

          e floresceu-te medo, dor, conflito...

Me espera! Eu disse que seria assim

mas que, também, eu te traria a mim

pra te enxugar dos olhos todo o pranto!...

          Confia, pois... O dia está bem perto.

          Tu hás de receber de mim, por certo,

          do que criei pra te ser teu, o encanto


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" DESCOBERTA "

Chorou as dores todas no chuveiro

se como o mundo houvesse se acabado;

um pranto fruto d'alma, incontrolado,

qual fosse dessa vida o derradeiro!...

          Se misturando às águas, derramado

          foi todo o sentimento verdadeiro

          tal se saísse ali do cativeiro

          em que se vira outrora aprisionado.

Banhou a pele junto às águas frias

pra se livrar do mal sofrido a dias

que lhe abatia o corpo em seu furor...

          As lágrimas não curam, nem o banho,

          se quando esse penar cruel, estranho,

          é fruto do sofrer chamado Amor!


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